Às vezes fico pensando sobre essa tal política e seus modelos. Sendo um historiador, em alguns momentos sinto minha mente perturbada e instigada. Um pensamento aqui, outro ali geram um incômodo indescritível.

Hoje acordei refletindo: vivemos em uma monarquia ou em uma democracia? Ou em uma monarquia disfarçada?

Sabe, se pensássemos um pouco na burocracia para acessar aquele que governa, já saberíamos que se trata de uma monarquia sem coroa. Mas de quem é a culpa disso? É nossa! Mais uma vez. A democracia é dona da ideia de que a soberania é do povo, cada indivíduo que atua em sociedade é responsável por esse regime de governo.

Na monarquia, soberano é o rei. E esse rei tem regalias e privilégios. Ele é seguido por um grupo de desocupados diuturnamente. A ele tudo é permitido e nada é negado. Ele é o mais importante membro de sua nação e faz-se parecer a única solução.

Nesse ponto que eu me pego a pensar, principalmente em relação aos protocolos que devemos seguir na democracia para atender a “nossos” representantes. A diferença é que, na monarquia, tínhamos um rei, no caso do Brasil, que era império, um imperador. Mas nessa “danada” da democracia brasileira temos ao menos 64 mil políticos eleitos “monarcas” distribuídos entre governos federal, estadual e municipal. Eles passam a ideia de que, assim como os reis, os soberanos agora são eles, e não mais o povo.

Esquecem que na posição que ocupam têm o único papel e dever de nos representar e nos defender de injustiças. Mas aí você poderia me dizer: esse gestor público também não é um cidadão, e por isso ele é soberano? Eu responderia: sim, ele é, mas, ao escolher ser representante, ele deveria abrir mão de suas próprias vontades e, enquanto cidadão, na força de sua voz e no peso da sua caneta, fazer valer a soberania do povo em defesa da própria democracia.

Afinal, a escolha de representar foi do representante, e não do representado. E cabe a quem fez essa escolha fazer valer sua soberania.

Juntos derrubamos reis, imperadores, coronéis e ditadores. Todas as vezes que o povo se uniu em soberania, realizou todas as transformações essenciais para uma revolução.

O problema foi que, após cada revolução, esquecemo-nos do nosso papel de cidadãos e facilmente abrimos mão de nossa soberania. Passamos a tratar aqueles que deveriam nos defender, mas, em vez disso, nos humilham, como se fossem reis escolhidos pelo próprio destino para imperar, sobre nossas vontades e direitos. Tornamo-nos escravos de um sistema que deveria ter a liberdade como bandeira.

Cada vez que nós passamos a agir com subserviência com esses que se acham poderosos, derrubamos todas as possibilidades da democracia, a ponto de ficarmos desamparados, acreditando que o mínimo feito é uma grande coisa. E o que é pior: atribuímos a esses poderosos a condição da realização das coisas que são obrigações do Estado Brasileiro, previstas na Constituição Federal.

Por ora, somos uma monarquia disfarçada de democracia, um modelo em que a demagogia se faz imperador. 

 

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