Nos últimos dias vivemos algo novo em nosso País. Novo porque foi a primeira vez em que, de fato, conseguimos entender que precisamos nos unir para mudar. Se esse não é o Brasil que queremos, precisamos começar a pensar em algumas coisas!

A primeira delas é entender de uma vez por todas que NÃO SOMOS MINORIAS, SOMOS A MAIORIA. Minoria são eles, as elites – aliás, o que você acha de trocarmos essa expressão? Essa colocação parece referir-se ao Marxismo. Que tal gestores públicos, ou oportunistas, ou grupos dominantes, ou elite econômica, ou corruptos mesmo? Pessoas que caíram em desespero ao perceber que a situação poderia não se normalizar tão cedo, já que a paralisação, que antes era somente dos caminhoneiros, agora leva para seu centro outros setores, porque as mudanças que buscamos são as de um bem comum. Vários grupos começaram a perder muito dinheiro, e cada dia de paralisação provocou baixa nas ações e indústrias (urbanas e do agronegócio), que desmoronavam. Para dar cabo da situação, foi mais fácil dizer que todos os problemas do Brasil eram frutos dessa greve. De repente, a saúde virou pauta das discussões, como se fossem os caminhoneiros os responsáveis pela falta de abastecimento. Os meios de comunicação sendo escancaradamente utilizados para manipular a opinião pública!

Muitos brasileiros deram um SHOW de cidadania ao apoiar os caminhoneiros. As REDES SOCIAIS foram nossa arma contra as armadilhas da grande imprensa, que apoia os interesses das ELITES brasileiras. Mostraram, inclusive, os momentos em que o governo tentava desarticular o movimento e nada acontecia. Logo após cada pronunciamento, surgia uma enxurrada de gravações e mensagens de toda parte, desmoralizando a fala das “autoridades” e da grande imprensa (me refiro, para não dizer nomes, às grandes empresas de comunicação abertas no BRASIL). Não posso deixar de lado a importância da imprensa regional, que contrariou as grandes redes e mostrou com maior transparência o que realmente acontecia.

Sabemos que ainda precisamos evoluir, mas esta experiência nos proporcionou experimentar um horizonte de possibilidades. Até aqueles que clamam pela INTERVENÇÃO, no fundo, só querem MUDANÇA, só querem um BRASIL MELHOR. Não tenho dúvidas de que a grande maioria das pessoas que se interessaram pelas paralisações, se agora refletir, perceberá que, no fundo, era apenas isso que todos buscavam. Surgiram aproveitadores no meio deste cenário, sem dúvidas, mas ninguém poderá retirar a legitimidade deste momento. Os caminhoneiros fizeram o papel que todos nós deveríamos ter feito.

Lembrando o período da escravidão, talvez alguns de nós ainda tenhamos medo do “FEITOR” do “CAPITÃO DO MATO”, mas sinto que no fundo percebemos que podemos, sim, virar o jogo. Sabemos agora que, se não trabalharmos o Brasil para mudanças profundas, continuaremos sendo aqueles que não são da elite e tentam sobreviver em meio a todas as necessidades. Temíamos chegar a uma situação em que de nada adiantaria todo o dinheiro do mundo, se nada tivéssemos para comprar? Faltou pouco para chegarmos a essa condição… Que bom que não chegamos, mas seria interessante para o nosso aprendizado. Quem sabe não sairíamos dela mais solidários e entenderíamos a importância de não sermos apenas indivíduos, e sim sociedade?

Quanto aos que não participaram diretamente, não nos cabe julgar. Muitos não pararam porque temiam as consequências. Qual garantia eles tinham? Mas não duvido de que apoiaram como puderam esse movimento.

TEMER pode ter sobrevivido desta vez. O sentimento de derrota pode pairar na mente destes que lutaram. Mas lutaram bravamente e despertaram uma vitória ainda maior do que suas reivindicações, que é a de caminharmos no sentido de sermos mais cidadãos. Não pensem que a impunidade venceu. Aqueles que lutaram balançaram o Congresso Nacional, e não tenham dúvidas de que muitos tentaram usar artimanhas para enganar o eleitor. Mas esse povo cansado da exploração se volta contra o explorador, e uma luta de classes começa a fazer com que a história aconteça.

E não venham com aquelas histórias de que isso é coisa de comunista! E se desejar um Brasil em que todos tenham dignidade na saúde, no trabalho, na qualidade de vida é ser comunista, sejamos todos, então! Mas não é! Querer e lutar por um país digno é dever e condição de todo cidadão. Não adianta falarmos que desejamos um BRASIL melhor se, na hora de tomarmos decisões, ainda nos pautarmos na exploração do outro. Se pensamos de forma individualizada, se não aceitamos nossa responsabilidade política, se não fiscalizamos nossos gestores públicos, não temos direito de reclamar! Mas se queremos mudança, vamos assumir este País como sociedade e lutar para que ele se torne aquilo que desejamos no melhor de todos os regimes, que é a DEMOCRACIA, na busca de um bem comum.

Uma coisa é certa: não importa o regime político, o que conduz e mostra o que é um país é seu povo.

Que o fim desta paralisação não leve consigo a percepção da mudança e da força que temos contra aqueles que nos exploram.

Viva o Brasil! Viva o povo brasileiro!

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