Toda mudança cultural leva aproximadamente 30 anos (uma geração) para começar a trazer efeitos. E, quando olhamos para o tempo em que a sustentabilidade se tornou pauta de discussão global, percebemos que agora começamos a colher alguns frutos.
Uma das coisas que sociólogos, como Zygmunt Bauman, apontaram foi como nós convenceríamos as novas gerações de que elas não poderiam consumir como as gerações passadas, destacando que teríamos dificuldade em dizer que um filho não poderia ter a vida de consumo de seus pais.
Porém, esses dias tenho notado algumas situações que começam a mostrar que aquilo que começou a ser discutido na década de 1970 nos Estados Unidos, e implantado com mais intensidade em 1980 nos diferentes países do globo terrestre, agora começa a surtir efeito. Digo isso porque é nas pequenas ações espontâneas que enxergamos a mudança consistente.
Duas situações, em especial, me chamaram atenção. Há alguns dias, fui com a minha irmã Maria Clara, de 10 anos de idade, comprar seu material escolar. Confesso que eu estava mais entusiasmado do que ela para essa compra, porque desde criança gosto muito dessas coisas de papelaria. Quando chegamos lá e começamos a organizar a lista, para tudo que o balconista trazia e ela já tinha do ano anterior, ela dizia: “Didi (como ela me chama), isso eu já tenho, não precisa comprar novo!”
Achei isso estranho, mas depois comecei a pensar: sem as crianças perceberem, elas começam a ter uma consciência sustentável. Mas não parou por aí. Na semana seguinte, fui ao médico, e, no consultório, a enfermeira estava acompanhada da sua filha. Não pude deixar de ouvir o diálogo das duas. A mãe disse: “Filha, daqui a pouco nós vamos à cidade comprar sua mochila nova.” E ela respondeu: “Não, mamãe, não precisa. A minha só tem um rasgadinho e dá para usar muito ainda!”
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E pode parecer coincidência, mas as duas crianças tinham mais ou menos a mesma idade. Nascidas entre 2007 e 2008, tinham também a mesma ideia, o mesmo pensamento. Mesmo sendo um universo muito pequeno, eu entendo que mudanças ocorrem por meio de pequenas ações. Essas duas meninas, de alguma forma, fizeram com que a minha esperança em relação à sustentabilidade fosse ampliada, pois não vejo outra forma de mudar que não seja essa.
Nesse sentido, outro fato para mim torna-se muito evidente. O discurso pode realmente encantar, mas só atitude é capaz de mudar! Por isso, é necessário que nos eduquemos primeiro, para assim conseguirmos educar essas crianças para a construção da sociedade de que precisamos, e para ontem.
Seja a mudança que você gostaria que as crianças fossem. Adultos, façam primeiro essas ações, pois as crianças se espelharão em nós. Se pararmos para pensar, agimos como aqueles que observamos. Então, tenha a certeza de que você é o herói ou o vilão que uma criança poderá tornar-se.