Com este texto não pretendo convencer ninguém a mudar de posição, a única coisa que desejo é provocar uma reflexão sobre a situação que estamos vivendo no país.
A primeira situação que deve ser pensada: ser contra ou a favor da reforma me coloca a favor ou contra algum partido político? Eu lhe respondo, de maneira alguma, o que estamos fazendo é ser contra ou a favor de uma ação que vai trazer grandes problemas sociais para os brasileiros, para todos nós. Pois aquele que vê vantagem em negociar com o patrão e acredita que obterá vantagem no processo, está enganado. Hoje aqueles que têm um bom salário, graças à legislação trabalhista vigente, se começassem uma negociação espontânea com o patrão, acredite, o valor do salário cairia! Não há garantias sobre o salário no novo modelo tão desejado pelo atual governo.
Aí, você me diria – mas se eu não concordar eu mudo de emprego. Mas eu te digo – perfeito, porém o novo patrão não terá uma oferta muito diferente, até que chegará a um ponto em que você terá que aceitar o oferecido e se contentar, já que a justiça trabalhista não mais irá se “meter” nesta situação.
Outra coisa básica, o patrão por mais amigável que seja, jamais será seu camarada, o interesse dele será o lucro, e ele estará certo dentro da lógica do capitalismo e da legislação. Neste ponto talvez você me diria – mas é claro, ele que disponibiliza vagas de empregos, gera recursos e desenvolve o país. Sem dúvidas, porém tudo isso a um alto custo, tirando do trabalhador a única coisa que ele possui, sua força de trabalho. Existem aqueles que acreditam que isso que está sendo proposto é uma atualização já que a lei é de 1943, no entanto, os interessados querem colocar em um passado ainda mais distante, em que o trabalhador não possuía nem voz e nem vez, quando não eram respeitados sequer os direitos humanos.
Quando tratam-se de direitos, precisamos estar unidos, pois, caso contrário, não venceremos os opressores. É necessário entender que isso afeta a todos os trabalhadores e claro, os mais humildes sempre pagam mais caro. O que me assusta muito neste caso é ver pessoas que também são assalariadas e são beneficiadas por acordos coletivos e pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) defendendo as reformas como se fossem levar alguma vantagem neste processo. O fato de ser reconhecido o trabalho que executamos em casa, fora do nosso expediente como trabalho, não significa aumento de salário e sim segurança para o empregador cobrar mais e pagar menos sem ter problemas legais.
E para encerrar, lembro mais uma vez, essas propostas não atualizam em nada os direitos trabalhistas, só transformam os empregadores em “senhores” novamente, dando a eles plenos poderes sobre o nosso destino.
Com relação à reforma previdenciária, a situação é muito parecida com a trabalhista. Sua base central visa retirar direitos fundamentais dos trabalhadores, além de esconder uma série de dados que seriam fundamentais para o entendimento da questão. É o que aponta reportagem apresentada pela revista Carta Capital, do dia 03 de fevereiro de 2017:
“As entidades mobilizam-se a partir do princípio de que o “déficit” no caixa da Previdência resulta dos benefícios, renúncias e desonerações fiscais que o governo concede às grandes empresas. Mais 60 bilhões de reais que teriam de ser recolhidos por meio das contribuições previdenciárias aos cofres públicos desaparecem em razão dessas políticas de incentivo ao setor privado.
Além disso, o governo não calcula como receita previdenciária a arrecadação gerada pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (Cofins), PIS-Pasep e loterias, embora o sistema de seguridade preveja a contabilização dos impostos”.
Para não dizer que estou sendo partidário, pois cito apenas um veículo, deixo aqui aberta a reflexão e também aos comentários por parte de meus leitores. Vamos aprofundar a discussão em torno do assunto.
Bom, se o governo deseja realizar reformas que, de fato, tragam benefícios econômicos ao país, que comece pela reforma tributária, isso atrairia maior número de investimentos ao Brasil e colocaria maior volume de dinheiro em circulação. O que digo aqui é compartilhado por economistas como Bernard Appy, que afirmou em entrevista concedida à ABRASEL – Associação brasileira de bares e restaurantes, o seguinte:
“A reforma tributária é importante no Brasil, principalmente para corrigir distorções grandes que temos no sistema tributário brasileiro e que acabam levando a uma baixa eficiência no funcionamento da economia, ou seja, a produtividade no Brasil é menor do que poderia ser, porque há distorções no sistema tributário. O país cresce menos do que poderia crescer, porque há distorções no sistema tributário. Essas distorções estão disseminadas na estrutura tributária brasileira e o objetivo da reforma tributária é corrigi-las. É possível propor uma reforma que seja mais abrangente, que contemple uma quantidade maior de problemas, ou é possível fazer as mudanças de forma progressiva, ao longo do tempo. O ideal é também fazer mudanças no sistema tributário para torná-lo mais progressivo, mais justo do ponto de vista social, sem prejudicar o funcionamento eficiente da economia”.
Não podemos esquecer que o Brasil lidera o ranking de tributação, o que faz desta nação, rica, prova de que podemos vencer a crise.
E por essas e outras que acredito que mais uma vez o povo brasileiro está sendo subjugado, querem que todos acreditem que este caminho é o mais adequado, mas sem apresentar diálogo, sem a participação popular, sem escutar os maiores interessados. Porém, o povo brasileiro não pode esquecer que existe sim o momento em que o indivíduo pode fazer a diferença na situação política do país, esse momento se chama ELEIÇÕES. É durante o pleito que cada voto é importante, pois se não fosse, os políticos não se colocariam como abutres na busca deste bem que o torna eleito. Então faça valer este direito e escolha com sabedoria e coerência nas próximas eleições e não deixe se influenciar pela cor dos olhos ou por discursos de ódio (que, por vezes, acabam por fazer sentido em tempos difíceis). Escolha com cautela, pois estamos presenciando e vivendo já há alguns anos as consequências de uma péssima escolha.
Agora, se querem realizar reforma, também podem começar pela política, pois o modelo apresentado hoje é arcaico e não funcional, não responde aos desígnios da população, não faz essa democracia tão social como previsto na Constituição de 88. E até mesmo o processo eleitoral, esse precisa ser altamente discutido e melhor apresentado a população. No meu entendimento, os partidos não fazem mais sentido, já que é difícil acreditar que o Brasil tenha mais de 30 ideologias. Não podemos deixar que a criação de partidos aconteça por mera vaidade de candidatos e ajustes políticos, entre outras situações que podemos discutir em um outro texto…
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