Nos últimos meses tenho me sentido um pouco frustrado em relação às rápidas mudanças tecnológicas. Não que eu não goste delas, pelo contrário, acredito que se aventurar e aprender com a tecnologia é o caminho que deve ser percorrido na educação.

Ao mesmo tempo, são tantas as informações e inovações que, em alguns momentos, sinto que, por mais que eu estude e pratique, nunca conseguirei alcançar o máximo desse processo.

Vejo-me como um professor do século XX. Afinal, formei-me no antigo modelo, em que o professor era o detentor do conhecimento. Confesso que tive dificuldade de conceber que eu era professor, já que não me percebia como “dono” de tanto saber. Pelo que vivi no meu tempo de aluno, se quisesse ser professor, teria que ser assim.

Na graduação, comecei a perceber que teria de ser responsável pelo conteúdo a ser ministrado, seguindo um dizer que ficou muito vivo em minha formação e que me foi dito por minha professora de didática: “Precisamos conhecer um oceano para dar conta de um riacho”. Trago comigo essa frase e sempre busco me preparar da melhor forma para atender meus alunos.

Mas, como disse, sinto-me afogado em informações ao realizar uma pequena busca na internet. São tantos conteúdos sobre um mesmo assunto que nos sentimos assustados, desconfiados e confusos, pois não é tarefa fácil filtrar todo esse oceano que a cada dia se torna maior.

No entanto, tudo isso me fez refletir sobre a importância da mudança na forma de ensinar. Penso que o trabalho realizado pelos professores do passado foi fantástico e entendo que pensaram a educação para um tempo em que o acesso à informação era extremamente difícil. E, diga-se de passagem, que missão tiveram esses mestres também: sabiam que precisavam dar conta de uma educação na qual o aluno precisaria ter o máximo de informações em sua memória.

E nós, professores do século XXI? Qual é o nosso papel? Com o que devemos nos preocupar?

Então, se hoje temos tantas informações disponíveis, precisamos aprender a trabalhar com elas. Sabemos que para nós, que não tivemos outro modelo de professor, é difícil constituir uma nova forma de sê-lo. Nós temos de aprender a lidar, de alguma maneira, com esse grande acesso a dados e informações.

Já que nossos alunos possuem esse acesso, podemos também trabalhar com eles formas de se apropriar dessas informações e utilizá-las. Nesse ponto, compreendo que temos uma mudança de papel: como já tem sido dito, passamos a orientadores e não podemos mais ficar só nos conceitos. Eles são importantes, mas não darão conta das necessidades deste novo tempo. Precisamos orientar por problemas, projetos…

Frase entrevista-5

Mas com isso caímos em um outro problema. Como fazer isso?

A resposta, na teoria, é simples, mas a prática é outra coisa. Posso dizer que existem inúmeras estratégias inovadoras que nos permitem realizar vários feitos no sentido de orientar os caminhos da educação. Mas qual a forma correta? Só saberemos se tentarmos. Vai funcionar de primeira? Às vezes não vai funcionar nem na segunda tentativa! Mas precisamos lembrar que estamos rompendo com um modelo, aproveitando o que ele tinha de bom, mas nos reinventando enquanto professores.

Tenho certeza de que o professor que tentar sentirá uma grande satisfação conforme os processos acontecerem.

Eu escolhi as minhas estratégias e continuo tentando, experimentando. Apesar de viver um momento em que sinto que não vou dar conta de acompanhar todas as inovações educacionais, sinto-me motivado a tentar, pois tenho certeza de que assim vou contribuir para uma educação de qualidade que represente o tempo em que vivemos. Educação vem pela cultura, e a cultura é viva. Essas mudanças teriam que acontecer.

Convido meus companheiros professores a arriscarem, a entrarem nesse oceano que nos afoga, mas traz grandes e inúmeras descobertas.

 

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