O Vale do Paraíba é conhecido por muitos aspectos únicos, mas sem dúvidas um dos mais marcantes é o período do café. A produção da preciosa bebida trouxe riqueza e criou uma elite que promoveu entre outras importantes mudanças, a independência do Brasil, financiou imperadores e empreendimentos. Porém, não podemos esquecer que o mau uso da terra trouxe sérios problemas ambientais para o Vale, então, de uma forma ou de outra ainda somos marcados por este período, mas isto é ponto para uma outra história.
Hoje vamos falar dos barões do café ou titulares do império, já que muitos inclusive possuíam títulos acima de barão.
No Brasil, diferente da Europa, nossa nobreza não possuía uma história de heroísmo por ter lutado em Cruzadas ou por ter realizado grandes feitos pelo país, talvez por isso os títulos no Brasil também não fossem passados para as gerações futuras. Sendo somente da pessoa que o recebeu.
Distribuir títulos no Brasil foi uma forma que os monarcas encontram de garantir além da fidelidade, recursos destes súditos que eram agraciados com um novo nome, barão, visconde, conde, marquês e duque.
Nesse sentido o Vale do Paraíba é uma das regiões com maior número de titulares do império, já que nossa independência e os dois reinos que tivemos ocorreram durante o período em que essa região mais possuia recursos e a produção de café era representativa.
E possuir um título desses significava o poder das grandes fortunas e o prestígio com os imperadores e dessa forma ser dotado de grande aceitação social.
Além disso era comum que para manter esse status os nobres realizassem festas e grandes doações o que acabava também favorecendo a imagem do império brasileiro.
Mas não era qualquer um que poderia ter esses títulos e não importava a quantidade de dinheiro e bens possuídos. Existiram casos no Brasil em que grandes cafeicultores não puderam ser agraciados por D. Pedro II, pois além do prestigio e do poder era preciso não estar envolvido em situações que depusessem contra o nome daquele que desejasse receber o título.
No Brasil temos um caso famoso, que envolveu um processo durante o segundo império, chamado Bracuhy. Muitos nomes de importantes fazendeiros foram citados o que impediu que muitos deles nunca recebessem títulos, independente da fortuna e das honrarias realizadas para a coroa, de todos os citados neste processo somente dois conseguiram títulos, o Barão da Joatinga porque esperou muito tempo para solicitar a coroa e o Visconde de São Laurindo porque buscou o título em Portugal.
Pelo que sabemos, possuir um título no Brasil, nada teve a ver com atos nobres e sim com status social. Quanto maior o título maior status tinha a pessoa possuidora dele, e mais fazia por demonstrar poder, por isso adotaram cidades, cuidaram de hospitais e promoveram instituições. Obviamente que não podemos generalizar, mesmo porque existiam pessoas de igual ou maior fortuna que faziam benfeitorias semelhantes, porém se mantiveram no anonimato, pois como dizia uma sábia senhora do café – D. Maria Joaquina de Almeida – Nobreza, também traz pobreza !
Fato que essas pessoas fizeram história e marcaram o Vale. Sua maneira de ser, expressões e modos de agir até sofreram transformações, mas continuam vivas no imaginário e nos modos de muitos valeparaibanos. Mas este é um tema para outro momento….