Diego Amaro de Almeida
Professor | Mestre em História Social
Lilian de Paula Santos
Jornalista | Mestre em Ciências Ambientais
“Sonhar é acordar-se para dentro.”
(Mário Quintana)
A citação acima é de Mário Quintana, escritor e poeta brasileiro que deixou um legado de provocações.
Quem sabe não seja assim mesmo como ele diz? Talvez levemos para o momento sagrado de nosso sono as possibilidades que, às vezes, nos são inicialmente negadas ou talvez as tenhamos como inalcançáveis, e, desta forma, iniciamos um processo que nos permite refletir sobre aquilo que desejamos.
O mundo das ideias é repleto de temas que nos provocam, e o mundo dos sonhos é um deles. Não somos psicólogos ou psicanalistas, médicos do sono ou estudiosos da área, porém entendemos a importância da observação de todos sobre o tema; afinal, é uma oportunidade de ajudar a lançar luzes sobre coisas que, às vezes, escapam aos nossos olhos.
Então, gostaríamos aqui de apresentar algumas reflexões sobre este tema que nos é tão curioso e que é pauta de muitas de nossas conversas. Duas coisas são muito boas neste campo: sonhar e falar sobre nossos sonhos. E aqui deixamos algumas provocações e reflexões, com o objetivo de que compartilhem conosco também suas ideias.
Há muitas formas de olharmos para os sonhos. Alguns estudiosos acreditam que se trata do nosso inconsciente nos enviando mensagens, outros enxergam como premonição de situações que ainda poderemos viver. Doutrinas espirituais entendem como um momento em que a nossa alma caminha por outros destinos. E alguns, ainda, entendem que seria uma forma de limpar conteúdo do nosso cérebro.
Segundo a federação espírita Kardecista, o sono e o sonho são fenômenos de emancipação da alma, fato que pode nos dizer que o “espírito” nunca está inativo.
Os sonhos trazem em suas imagens, as quais estão direta ou indiretamente ligadas a nós e que temos até certa dificuldade de perceber e compreender, pois estão em nossos sonhos, sensações que nos levam a pensar que realmente estamos vivendo aquele momento. Por se tratar de um espaço de imaginação, é claro que muitas vezes vivemos episódios assustadores, os quais chamamos de pesadelo, talvez seja uma forma de não denegrir a ideia de sonho, que também é usada para os projetos que queremos alcançar em nossa realidade.
A palavra sonho é muito utilizada em propagandas que pretendem nos vender aquilo que desejamos ou que a própria propaganda nos faz querer, a partir de um gatilho atraente de anúncio. No entanto, essa é a hora de analisarmos e pensarmos, tudo para que a antecipação de um sonho não se transforme no desastre de um pesadelo.
No passado, os sacerdotes já realizavam a interpretação de sonhos com a intenção de encontrar mensagens do futuro. Há o famoso caso do sonho interpretado por José do Egito, que no sonho do Faraó viu os sete anos de fartura e os sete anos de fome que seriam precedentes. Segundo o livro de Gênesis, essa interpretação de José foi o que salvou o Egito.
Na densa e vasta teoria do psiquiatra Carl Gustav Jung, dentre as muitas formas como ele observa o sonho, podemos dizer que, a grosso modo, o sonho é uma forma natural de nosso inconsciente nos trazer mensagens sobre questões conscientes que precisam ser entendidas e não escondidas de nós mesmos. Quem disse que nossa “sombra” não pode trazer características importantes para a nossa ação cotidiana? Trata-se de um trabalho terapêutico que só pode ser realizado por aqueles que seguem sua linha de pensamento, conhecem a teoria e utilizam seus “métodos”, os quais podem nos ajudar a compreender de forma integral.
O fato é que o sono e o sonho são saudáveis. Nada melhor que uma boa noite de sono para que tenhamos as nossas energias reestabelecidas e, assim, possamos caminhar rumo aos nossos sonhos no campo do real.
Podemos encerrar o texto da semana chamando para esse diálogo a figura da ex-primeira dama dos Estados Unidos da América, Eleanor Roosevelt, que afirmou: “o futuro pertence àqueles que acreditam na beleza dos seus sonhos”.
Se você sonha com algo, vá até conseguir! Não seja o primeiro a colocar barreiras e a limitar-se. Se as situações dizem não, busque outras formas de alcançar, assuma a responsabilidade e jamais culpe algo ou alguém por não ter alcançado o desejado. Se você sonha, acredite! Vá e faça a diferença. Não se prenda a modelos, nem a rótulos. Só não deixe de ter a consciência de levar em conta os sonhos dos outros; afinal, não devemos ser egoístas. Mas isso é tema para outra reflexão.