Chega um dia em que nós todos nos deparamos com o que parece ser a falta de criatividade. E no momento em que vivemos isso, parece ser ainda mais grave. Pois vivemos em mundo em que tudo acontece com tanta velocidade que às vezes acabamos acreditando que não temos mais nada para oferecer! Será?
Por consequência dessa crença, começamos a procurar aquilo que seria uma nova fonte de inspiração e que poderá nos resgatar deste momento de crise criativa.
Passar por isso é parte da responsabilidade que temos com aquilo que produzimos; afinal, o que as pessoas que têm responsabilidade com o conhecimento desejam é levar algo para que outros possam investir seu tempo na leitura e aprender algo.
Cobrar-se e querer ir além é bom. Precisamos fazer sérias reflexões sobre o que estamos produzindo e entregando para aqueles que investem seu tempo lendo nosso trabalho. Porém, é importante tomarmos alguns cuidados; afinal, temos um gigante poder de criticar a nós mesmos, sem percebermos que aquilo que estamos fazendo pode ter valor para quem vai ter acesso.
Outro receio tem sido a cultura do “cancelamento”, que vem trajada de defensora moral, quando, na realidade, impede-nos de dialogar e questionar as “ondas” que muitas vezes surgem de pseudomovimentos, como se agora não pudessem existir diferentes verdades ou opiniões.
Uma coisa é certa, não podemos nos calar, que critiquem, cancelem, sejam violentos. Mas não podemos deixar de apresentar as ideias que podem mudar nosso “mundo”, seja ele local ou global.
E nada deve nos impedir de buscar a compreensão clara das coisas, pois o “certo” raramente esteve em evidência. Porque pessoas fanáticas tornam-se tão cegas que dificilmente aceitam quando aquele que não representa seu ponto de vista ou sua bandeira “ideológica”, seja ela qual for, acertam e tentam fazer algo realmente necessário para que mudanças importantes aconteçam.
Falo aqui de todos os fanáticos, seja qual for a sua bandeira de luta. Pessoas que não enxergam além do próprio umbigo e se tornam tão mais violentas do que aquelas que eles acusam. Pessoas que pedem “empatia”, mas não possuem a mínima ideia do que é ser empático. Pessoas que falam em igualdade, mas não respeitam o direito e a opinião dos outros, atacando-os, pois, na falta de argumentos, é melhor fazer calar aquele com quem se discorda, sempre insinuando a busca de um mundo ideal… Ideal para quem?
É, minorias, maiorias, esquerda, direita, centro, militares, políticos, republicanos, monarquistas… Enfim, uma massa de pessoas preocupadas consigo mesmo, em um movimento que de democracia tem muito, pois, no final, isso não tem passado de uma demagogia.
Existem agendas comuns, pautas comuns, e precisamos focar nelas, pois a democracia deve possibilitar o acesso da maioria. Todos precisam ter o direito de falar, de pensar, de refletir… e não de temer o que poderá ofender diferentes membros e setores da sociedade.
Enquanto não estivermos abertos às ideias, não daremos um passo em direção ao que poderia ser entendido como ideal. E isso também quer dizer que cada pessoa pode lutar pelo que acredita, mas nunca devemos nos esquecer de que essa luta, esse embate de ideias, deve ser carregada de argumentos e de uma busca por entendimento.
Dificilmente resolveremos os problemas de forma a ver os resultados, mas, se não dermos o primeiro passo, isso nunca vai acontecer. Precisamos tentar o equilíbrio. Eu acredito que o caminho do meio ainda é o melhor dos caminhos.