Algumas pessoas costumam dizer que cada vez que relemos um livro, escutamos novamente uma fala ou voltamos a um lugar, temos uma nova impressão, tiramos uma nova lição e aprendemos novas coisas. E, particularmente, eu não discordo disso!

No dia 08 de abril de 2017 tivemos a oportunidade de visitar a cidade de Maria da Fé, MG, e conhecer um pouco mais de sua história e encantos. Por intermédio do Instituto de Estudos Valeparaibanos percorremos um roteiro que era feito pelo nosso eterno presidente Prof. Nelson Pesciotta, que foi quem nos apresentou pela primeira vez esta cidade, um modelo de preservação patrimonial.

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No entanto, desta vez, a pauta das visitas acabou sendo outra. Não que tivéssemos combinado, afinal voltávamos à Maria da Fé exatamente pelo seu modelo de preservação. Se pudesse resumir em uma palavra esta viagem seria SUSTENTABILIDADE, em razão da maneira incrível como ela está presente nos lugares que visitamos.

A começar por nossa primeira visita ao ateliê do famoso artista plástico Domingos Tótora, que nos deu uma aula de sustentabilidade e economia criativa. Um cidadão apaixonado, não só pela sua arte, mas por todas as formas de preservação da natureza em prol da sociedade. Ele nos relatou como tudo começou quando notou o grande descarte de papelão que existia em Maria da Fé. Ele, que já trabalhava com outros materiais para produzir sua arte, sentiu-se provocado. Queria encontrar uma forma de expressar-se artisticamente com o uso deste material que acabava sendo desprezado. A primeira peça que ele produziu foi um prato, a partir daí aperfeiçoou a técnica para trabalhar esse material, produzindo uma arte que valorizava a matéria-prima utilizada e a estética. Sem dúvidas isso fez o trabalho deste artista ser foco de importantes reportagens por todo Brasil.

Outro ponto destacado por ele foi quando as pessoas começaram a perceber a utilidade do papelão, passaram a não jogá-lo mais no lixo, pois o material tinha um novo destino. Além disso, outros artesãos da cidade começaram a querer realizar esse tipo de trabalho. Na ocasião, o próprio Domingos Totora participou da formação de uma Cooperativa de artesãos “GENTE DE FIBRA”, que trabalha com o papelão e também com a fibra de bananeira. Isso, além de dar rumos para a sustentabilidade, gerou o desenvolvimento da economia na cidade e promoveu, inclusive, o turismo.

Um destaque da fala de Tótora é: – Sustentabilidade tem se tornado uma palavra fácil de se dizer! O importante é agir de acordo com a sustentabilidade. Não adianta fazermos o discurso e não realizarmos as coisas de forma sustentável. E isso é respeitar a natureza, respeitar as pessoas e as leis trabalhistas. 

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Após a visita ao ateliê de Domingos Tótora, seguimos para o projeto GENTE DE FIBRA. Lá tivemos uma nova surpresa que só reforçava aquilo que já tínhamos escutado e visto. Fomos recebidos por artesãos que mostraram o processo de reaproveitamento do papelão e do tratamento da fibra de bananeira. Vimos peças muito bonitas, em especial, uma que despertou nossa curiosidade pela beleza. Mais tarde soubemos que é uma reprodução do azulejo que reveste o piso da Igreja Matriz de Maria da Fé.

 

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Paramos para o almoço, porém como tratava-se de um passeio cultural seria importante que, mesmo no almoço, pudéssemos continuar aproveitando para conhecer melhor a região que visitávamos. No restaurante Três Marias o Prof. Davi Coura Borges e eu fizemos uma apresentação com música, história e poesias. Apresentamos a história regional intercalada por músicas interpretadas por Prof. Davi  e declamação de poesias. Esta maneira informal e prazerosa de aprender história, recebe o nome de VALECONHECER, um empreendimento cultural que tem como principal objetivo promover a história e memória regionais. A cada apresentação temos agradáveis surpresas pela reação e participação do público. Nesta ocasião ainda contamos com a declamação de uma poesia da autoria do Presidente do Instituto de Estudos Valeparaibanos, Prof. Humberto Felipe da Silva.

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Depois deste almoço brindado com muita história e cultura, seguimos para uma fazenda produtora de azeite (EPAMIG). Lá conhecemos todo o processo de pesquisa para a produção de azeite e outras culturas. O grupo muito animado ainda aproveitou o momento para pegar pinhão. Após um belo passeio pela propriedade e a descoberta de que a azeitona no “pé” tem um sabor peculiar, seguimos para nossa última parada – a Igreja Matriz de Maria da Fé, um belo exemplar arquitetônico da cidade, que mostra períodos de muita riqueza e  também de organização e dedicação da população com este ícone de fé. Fomos recebidos pela historiadora Profª. Maria Léa Zaroni, que nos contou a bela história da Igreja e da cidade. O templo conta com belos painéis dos irmãos Gentilli, pintores italianos responsáveis pela pintura de belas Igrejas, não só em Minas, mas em várias cidades de São Paulo. Além disso, nos relatou o minucioso trabalho de restauro que vem sendo realizado.

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Foi um passeio incrível, com pessoas fantásticas. Demos muitas risadas e aprendemos muito sobre a cidade que visitamos. A iniciativa do IEV tem sido uma prática saudável e agradável. Em breve faremos visitas em outras cidades, sempre com o espírito de conhecer nossa história e nossa região.

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Agradecemos:

Domingos Tótora Estúdio de Arte e Design

Rua Darci Cardoso, 300 – Bairro Turquia.

Gente de Fibra – Cooperativa Mariense de Artesanato

Rua Teodoro Santiago, 160 – Centro.

Restaurante Fogão de Lenha Três Marias

Av. José Campos Sales, 151 – Centro

 

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