Homem de terno em fotografia antiga

Barão da Bocaina foi o último titular vivo do Império Brasileiro.

8 de março de 2017. Poderia ser mais um dia qualquer, mas a data, mundialmente conhecida, remete aos direitos das mulheres. Bom, agradeço muito à elas. Em dez anos de estudo do Gênero, sou grato pelo que tenho aprendido com elas. Este ano e nesta data, tive a alegria de participar de um bate-papo com os alunos da Escola Estadual Barão da Bocaina, na cidade de Areias. Um convite especial de uma diretora determinada – Denise Angélica, e de uma professora entusiasmada – Rafaela Molina.

Tamanha minha paixão pelo Vale Histórico que logo o convite feito, imediatamente aceitei.

Após a atividade com os alunos, fui provocado a apresentar o patrono da escola: o Barão da Bocaina.  Apresento aqui um breve relato deste grande valeparaibano.

O Vale do Paraíba no século XIX foi local de grande influência e prestígio entre  os membros da Corte brasileira. Aqui viveram inúmeros nobres, claro que uma “Aristocracia Rural” que não tinha lá, talvez, a mesma nobreza que desfrutava a nobreza européia.

A cidade de Lorena, tratada em seu hino como “velho berço de condes e barões”, sem dúvidas, motivou este verso. Era uma cidade com vários titulares do segundo império, cinco ao total.

Entre eles, podemos citar o Barão da Bocaina, Francisco de Paula Vicente de Azevedo. Filho do ilustre Coronel José Vicente de Azevedo, o barão nasceu no dia 8 de outubro de 1856. Assim como inúmeros membros da elite brasileira, ocupou diferentes cargos de prestígio em seu tempo. Em Lorena, foi coletor de rendas gerais, assumiu a chefia do partido conservador, sendo eleito vereador e depois presidente da Câmara, cargo que ocupou até a proclamação da República.

Fazendeiro nos municípios de Lorena, Piquete, Guaratinguetá, Cunha, Pindamonhangaba e Itajubá, foi um dos pioneiros na introdução do trabalho livre, com a promoção do estabelecimento de várias colônias agrícolas para imigrantes, como Canas, Quiririm (Taubaté) e Sabaúna (Mogi das Cruzes), que foram organizadas e dirigidas por ele.

Empresário influente, foi um dos fundadores do Engenho Central de Lorena, trouxe a Companhia de Bondes para a cidade, ordenou o plantio de Palmeiras Imperiais (símbolo da cidade que é conhecida como “Terra das Palmeiras Imperiais”), realizou a construção do cemitério municipal e de uma ponte de ferro sobre o ribeirão Taboão, além de inúmeras participações na fundação de dezenas de fábricas e indústrias. Nas linhas de “O Jornal” de Assis Chateubriand: Foi o Barão da Bocaina, sem dúvida, o mais progressista dos conservadores e o mais populista dos aristocratas.

Barão da Bocaina faleceu em São Paulo, no dia 17 de outubro de 1938, aos oitenta e dois anos de idade, foi o último titular vivo do Império Brasileiro.

Conhecer as pessoas que fizeram a história é conhecer a nossa própria história. Perceber que os grandes feitos não estão longe de nós, e que podemos, assim como esses nomes do passado, fazer a nossa parte. O grupo escolar recebeu o nome desta figura e hoje faz jus à memória deste valeparaibano.

 

Segundo o decreto de lei N. 16.720, de 15 de janeiro de 1947

Grupo Escolar de Areias – GRUPO ESCOLAR “BARÃO DA BOCAINA”;

(Por todos os títulos que ostentava e especialmente pelo trabalho fecundo e realizador que desenvolveu em seu tempo, Francisco de Paula Vicente de Azevedo – Barão da Bocaina, merece ter o seu nome inscrito no Grupo Escolar de Areias. Nascido em Lorena, sua influência benéfica espalhou-se pelos arredores daquela cidade, alcançando a capital da Província e a própria Corte, onde recebeu seu título nobiliárquico. Descendia de linha fidalga, estando entre seus tios maternos o Conde de Moreira Lima e o Barão de Castro Lima. Não permaneceu porém, Vicente de Azevedo arraigado às suas credenciais de nobre, pois foi um grande trabalhador: Diretor da Estrada de Ferro São Paulo-Rio – exerceu a direção do antigo Banco Comercial de São Paulo, possuindo um dos maiores valores da Junta Comercial do Rio de Janeiro. Em Lorena, exerceu o alto cargo de Coletor das Rendas Federais, Comendador da Ordem da Rosa. Ilustre pelos títulos, credenciado pelos serviços prestados a São Paulo e ao Brasil, bem merece ter o seu nome no frontispício deste grupo escolar.

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