Quando começo a observar o que está acontecendo em nosso País, só consigo ver um verdadeiro culpado: aqueles que têm poder e condições de mudar o cenário de insegurança, fome, crime etc. Falo de senadores, deputados, juízes, policiais. É muito fácil encontrar em uma sociedade fraca, desorganizada e com sérias questões de desigualdade o culpado para todos os problemas.

Não digo que o povo seja totalmente inocente, mas, nessa relação de poder, é quem menos pode fazer alguma coisa.

Sendo minimalista na minha afirmação, acredito que, para que as coisas funcionassem e os problemas com a segurança melhorassem, as pessoas que têm poder também precisariam pegar pra si a obrigação de fazer tudo mudar. Mas o que vejo a cada dia é um cenário de pessoas que não cumprem o seu dever, e mais: são corrompidas para não o fazer.

O problema do Brasil não está nas comunidades carentes; está, sim, em grandes escritórios de Brasília, que, diga-se de passagem, foi planejada com janelas de vidro nos Ministérios pelo saudoso Niemeyer, que acreditava ser um âmbito de transparência e ética.  Os verdadeiros bandidos não usam armas de fogo; usam a CANETA. As ASSINATURAS em documentos mal pensados e mal estruturados são as balas perdidas. Nesse sentido, acabam por cometer crimes muito mais prejudiciais; inclusive, são por esses crimes cometidos pelos poderosos que os crimes sangrentos ocorrem.

Uma grande parte da população que aplaude essa intervenção não sabe o que é tentar colocar-se em posição de acesso a questões básicas para a sobrevivência. Nos morros e nas comunidades não iremos encontrar os verdadeiros chefes do tráfico ou do crime organizado: esses também usam gravatas e se alimentam de salmão e caviar, possuem recursos para comprar ternos, carros caros, e assaltam esta nação dia a dia, cometendo os piores massacres e ainda saindo ilesos, sem pagar por seus crimes, porque aqueles que deveriam cobrá-los também estão ocupados demais com suas particularidades.

Ah, mas eles dizem: “Precisamos fazer algo, pois o inimigo (membros desfavorecidos da sociedade) possui armamento militar!” Mas espera, onde conseguiram esse armamento? É, parece que a corrupção está em todos os lugares, e não estamos combatendo o pior inimigo: nossos gestores públicos, pessoas que deveriam zelar pelo bem-estar nacional, não colocando o Exército nas ruas, mas cumprindo seu trabalho, que é pensar em possibilidades e administrar nossa nação, permitindo que todos os brasileiros tenham acesso à saúde, à cultura, à segurança e à educação.

Com relação aos militares, o que me incomoda não são eles; o que me incomoda é o fato de que o que eles querem é vencer o inimigo, e, quando uma missão é feita dessa forma, o povo se torna o inimigo, pois até provarem quem realmente tem culpa ou não será tarde demais. Infelizmente, não possuímos mecanismos para um discernimento rápido de quem é o “herói” ou o “vilão”, como se isso existisse também!

Não é utilizando a força e técnicas de combate que vamos vencer os problemas da nação, mas sim cumprindo o papel que nos propormos a cumprir. Neste ponto, não pedimos que façam nada além do que sua profissão exige, senhores deputados, senadores, juízes, policiais… Só que cumpram seu dever e não deixem a população cair desamparada.

População – aqueles que não estão no fogo cruzado –, pare de achar que o canhão é a única saída para recuperarmos a dignidade deste País. Cumpra também seu dever de cidadão, fiscalize, acompanhe e verifique como as coisas estão sendo conduzidas, afinal, somos SOCIEDADE, e não INDIVÍDUOS. Pode não parecer, mas o mundo não existe só para você! Ele é para todos (sociedade), e dependemos de todos (sociedade). Como INDIVÍDUO, aja com responsabilidade em suas ações, para ser exemplo de boa postura, afinal, não são os discursos que mudam as pessoas, e sim as ações.

Não estou aqui para dizer o que é certo ou errado, mas vamos começar a pensar de uma maneira que vá além de nossas vontades, para fora. Vamos enxergar o outro e corrigir o que está errado, mas não de uma forma que deixe marcas ainda mais violentas em nossa história.

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