Quando perdemos alguma coisa, ou algo fica fora de nosso alcance, costumamos dizer que isto ou aquilo foi para o Beleléu. Esta palavra é originária do vocabulário dos Bantos, escravos africanos que vinham para o trabalho forçado no Brasil. Os Bantos costumavam usar esta expressão para falar da pessoa que faleceu e foi para o mundo dos mortos, ou seja, para fora do alcance, para um lugar que não se pode chegar.

Aproveito o ensejo desta expressão para realizar uma breve crítica ao momento que estamos vivenciando no Brasil

Em sua carta testamento apresentada à nação em 24 de agosto de 1954, o presidente Getúlio Vargas afirmou – Mas esse povo, de quem fui escravo, não mais será escravo de ninguém.  Essa afirmação tão enfática do Presidente Vargas se deu por ocasião da implementação de um projeto idealizado e posto em prática por ele em 1943 – a CLT, Consolidação das Leis Trabalhista.

Estas leis trouxeram aos trabalhadores um pouco de estabilidade e conforto no seu dia-a-dia, já que antes desta consolidação o trabalhador tinha o “direito” de negociar com o seu empregador os termos do contrato, sem leis que lhe dessem garantias. Em uma batalha dessas, em que o patrão se torna um “felino” faminto e o empregado um “rato” magro, mas suculento, Getúlio Vargas em sua Consolidação de Leis Trabalhistas promoveu o trabalhador sem comprometer as empresas, permitiu que a elite continuasse elite, mas deu ao povo oportunidades que traziam consigo certa dignidade. E aquele era o começo para um capitalismo menos voraz.

Agora vivemos um momento de crise, mas não qualquer crise. Situação atual em que querem transformar o trabalhador em escravo, falam no “direito” que com a reforma trabalhista o empregado terá para dialogar com o patrão os termos do serviço. Quem será que vai vencer este diálogo? Falam em “flexibilizações”, mas para quem? Falam em tirar o poder dos sindicatos, já que eles não seriam mais necessários nem para realizar as homologações de demissão. Querem enfraquecer o povo e fortalecer a elite.

E chegamos à conclusão que, mais uma vez, o povo queda desamparado. Os direitos tão caros aos trabalhadores agora caminham para o BELELÉU e buscam transformar o trabalhador em escravo, como os Bantos que vieram para o Brasil durante a Colonização Exploratória. Para aqueles que pensam ser um exagero o que foi exposto, convido a ler o texto da Reforma Trabalhista.

Este texto tem a intenção de provocar a reflexão e o debate tão caros à sociedade contemporânea. É exatamente por não refletirmos e agirmos que aqueles que detêm o poder fazem o que querem com os direitos da população brasileira e deturpam o entendimento das situações para que então aquilo que foi proposto por eles passe a ser algo certo para a sociedade.

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