Segundo o escritor Reinaldo Pimenta, foi por volta do século XIII que essa expressão surgiu nos países de península Ibérica (Portugal e Espanha), referindo-se como consequência do pagamento de uma punição.

Se por algum motivo um fidalgo (filho de algo, de alguém importante, pessoa da elite europeia) se sentisse ofendido ou se houvesse insinuação de ofensa sem motivação, o autor da provocação deveria pagar 500 soldos (soldo era uma espécie de moeda) para a pessoa que foi ofendida.

Se por ventura a mesma pessoa realizasse outra ofensa, pagaria novamente essa multa, e costumou-se dizer que eram outros quinhentos, ou seja, um novo processo.

Para sorte de muitos não temos mais isso em nossos dias, pois muitos que se sentissem ofendidos nas redes sociais pediriam seus 500 soldos, e por várias vezes. Sendo uma pessoa de prestígio ou poder não teria dificuldades em receber.

Sabemos que hoje existem processos por calúnia, mas que por morosidade da nossa justiça, tornam-se tão lentos que por vezes acabam em nada. Mais isso são OUTROS QUINHENTOS.

O importante é evitar falar das pessoas, vamos falar de ideias, projetos, histórias e situações que realmente valem a pena. Tendo ou não mecanismos de punição, o importante é cada um desempenhar seu papel com responsabilidade e respeito, sem interferir o espaço dos outros, e se for fazer críticas, utilizar de objetividade, não denegrir a imagem daqueles que pouco se conhece, pois tudo que é conquistado pelo caminho contrário não terá valor.

Vamos tentar construir uma sociedade diferente e promover OUTROS QUINHENTOS, esses outros quinhentos que aqui tem o significado de um novo modelo de vida.

Outra forma de pagamento ou tributo legal que se tornou conhecida e deu ao Brasil um apelido nada amigável, foi o QUINTO, que era a quinta parte do ouro extraído das jazidas brasileiras, que quando chegava ao seu destino, Portugal, diziam – Chegou o QUINTO DOS INFERNOS.

Segundo a historiadora Laura de Melo e Souza, aqueles que viviam em Portugal e vinham ao Brasil enriquecer passaram a comparar o Brasil a um purgatório e até mesmo ao inferno. E no Brasil fariam riquezas, explorariam o inferno ao máximo para depois voltar ao céu que era Portugal. Porém estes também são OUTROS QUINHENTOS, que deixamos para uma outra hora.

As expressões populares nos ajudam a conhecer as histórias, as culturas, as sociedades. Cada expressão tem em si a vida de um tempo, o que nos permite conhecer, inclusive, as situações do nosso tempo.

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