Não tive a oportunidade de conviver com este grande intelectual do Vale do Paraíba, mas sua ação era tão presente, que é difícil imaginar que alguém não tenha pelo menos ouvido falar desse personagem ilustre e morador do Vale. Líder de uma geração de intelectuais, promotor de grandes feitos, um agitador cultural, um guardião da memória regional, um príncipe, mas acima de tudo, professor nato. Querido por seus alunos, tinha uma oratória incrível, raros eram aqueles que não estavam prontos a ouvi-lo.

Quem o conheceu diz que o professor era um lord, uma pessoa de atitudes firmes e de uma educação aristocrática. O respeito ao outro e ao meio ambiente era-lhe algo tão próprio que provocava nos outros a vontade de trilhar o caminho por ele percorrido.

Ele costumava dizer – O Vale do Paraíba é meus país. E de fato fez de sua região seu país. Sem dúvidas, um nobre principalmente nas posturas que promoveram e elevaram nossa Região.

A história do Professor José Luiz Pasin é rica em fatos que se misturam com a história recente da nossa Região. Tendo sido ele promotor de muitas mudanças importantes no que tange à preservação arquitetônica, ambiental, cultural e histórica do Vale do Paraíba.

 

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O professor Pasin se formou em História e Geografia, em 1962, na Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, hoje UNISAL. Desde o início deste processo mostrou-se um cidadão preocupado e contestador. Tal atitude nesta época era um perigo, pois o professor se envolvia em discussões sobre diversos problemas sociais brasileiros, o que com o passar dos anos e a instalação de um novo regime de governo, acaba por provocar sua prisão. No ano de 1970, José Luiz Pasin é preso por realizar atividades em prol da cultura Afro-brasileira. Uma das provas do ativismo deste mestre.

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Na década de 1970 o professor que era dono de um idealismo apaixonado apoiou, junto de outros apaixonados pelo Vale, instituições de utilidade pública que, de maneira intensa, promoveram debates, palestras, manifestos entre outros, a favor de causas relevantes à sociedade brasileira. Dentre todas as instituições fundadas em diferentes cidades do Vale do Paraíba, gostaria de destacar o IEV – Instituto de Estudos Valeparaibanos e o Museu Histórico Pedagógico e Arquivo Frei Galvão.

Em um tempo em que as pessoas não estavam tão preocupadas em preservar e que o pensamento ainda era pautado no desenvolvimento, este mestre fez sua parte com tanta intensidade que fundou uma das primeiras reservas ambientais privadas do Brasil – a fazenda “Boa Vista” no município de Roseira-SP, de sua propriedade, passou a ser referência neste processo. Hoje no espaço recuperado por ele, funciona uma instituição de ensino superior atuante na educação referente às áreas ambientais. Nesta fazenda, além da preservação ambiental, o professor Pasin realizou um resgate histórico, preservando também a senzala da fazenda.

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Um aspecto da fala do Professor Pasin que podemos analisar para termos uma ideia de suas crenças é uma reportagem do jornal “A Semana” publicado em 1987 em que o próprio José Luiz Pasin se descreve. Eu vejo o José Luiz Pasin como uma pessoa sensível, uma pessoa de formação humanista, aberta aos valores universais, um tanto preocupado com uma certa ordem nas coisas. Mas, sobretudo, o José Luiz Pasin é uma pessoa universal que está aberta às mudanças, aberto às novas ideias e acima de tudo uma pessoa preocupada com se identificar com a natureza. Eu cada vez mais procuro pautar a minha vida pelos valores da natureza. Eu vejo que a natureza é um grande laboratório, onde eu posso repensar meus valores.

José Luiz Pasin provocou e agiu, sem medo do que as pessoas pensariam ou questionariam, defendeu dia-a-dia aquilo em que acreditava, e conforme o tempo passava provou que era o caminho possível. Ele foi um cidadão incansável que acreditava no Vale do Paraíba melhor, uma região sem fronteiras, que rompesse com costumes antiquados com relação as ações pessoais, que era na visão deste líder cultural o que impossibilitava o avanço nas coisas que que fazem parte da cultura, memória e patrimônio acima de tudo, que respeitasse a natureza e o outro. Ele acreditava no potencial criador dos jovens e entendia que eles seriam responsáveis pela mudança que precisávamos.

E assim como escutei deste intelectual, no lançamento do livro a Casa Paulista de Thereza e Tom Maia. – Somos loucos, apaixonados…quem manteria uma casa no centro de uma cidade em desenvolvimento, não se rendendo às tentações do capital, simplesmente por esta casa ser um exemplar na nossa história? Eu respondo, somente os loucos, apaixonados que como eles acreditam na importância da cultura e da história.

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Umas das coisas que mais percebo, quando converso com os amigos do Pasin é a grande saudade que ele deixou, um vácuo na nossa cultura, sua ausência provocou um vazio. Antes, diante de problemas sociais comuns, ele era a pessoa a quem se recorria em busca de orientação. Neste sentido vale destacar uma afirmação que o prof. Pasin fez para o Jornal Valeparaibano em 1985. O maior patrimônio que eu tenho feito na minha vida realmente são os meus amigos, acima inclusive dos meus amores. Porque eu tenho a consciência inclusive de que o amor é fugaz, passa, a amizade é uma forma de amor duradoura, porque é a mais autêntica que existe.

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Sabemos que uma biografia histórica ainda não seria suficiente para tratar da vida deste homem multicultural, ainda mais um breve texto. Porém de certa forma quis deixar minha homenagem a este ícone que foi um dos grandes motivos que me fez escolher a faculdade que eu iria cursar, escrevo também porque é sempre importante manter na memória este nobre, que podemos comparar aos grandes heróis, por ter marcado uma geração de alunos, professores, estudiosos, curiosos. Tenho certeza que este é um nome que será lembrado ainda por muitas gerações.

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