Lorena e Piquete eram administrativamente ligadas. A primeira era a cabeça do termo, e a segunda, um incipiente bairro surgido ao longo de um caminho. Posteriormente, a segunda foi elevada a vila.
A vila de Lorena é uma das mais antigas do Vale do Paraíba, e o seu povoamento tem início ainda no século XVII, com as primeiras sesmarias doadas na região onde seria o futuro núcleo urbano (COELHO, 2004), local em que, em 1705, nasceu a Freguesia de Nossa Senhora da Piedade do Gaypacaré (EVANGELISTA, 1978), administrativamente parte do território de Guaratinguetá. Nesse período ficaram conhecidas as famosas roças de Bento Rodrigues Caldeira.
No século XVIII, com o correr do tempo, houve um aumento considerável da população, parte dela oriunda de diversas regiões da Capitania de São Paulo, o que fez aumentar seu território, principalmente em direção à serra da Mantiqueira. Na primeira metade desse século, seria muito utilizada a Estrada Geral (ou Real) em direção a Minas, o que deu dinamismo ao local, principalmente com o transporte e o abastecimento.
Em 1788, o governador da Capitania de São Paulo, Bernardo José de Lorena, por meio da portaria de 6 de setembro de 1788, elevou Lorena à categoria de Vila, abrangendo, assim, todo o território desde a sede até os limites do Rio Piraí ou Campo Alegre (Resende).
Em 1799, aparecem as primeiras plantações de café na vila, sendo produzida e exportada a pequena quantia de 39 arrobas (EVANGELISTA, 1978).
A vila de Piquete vai aparecer pela primeira vez como bairro de Lorena em 1828, com 63 casas, 303 habitantes livres e 123 escravos e uma economia baseada na agricultura e no tráfego para escoamento de mercadorias pela estrada da serra de Itajubá. Há que ressaltar que toda a vida do lugarejo passou a orbitar em torno desse caminho. O povoado ganhava fôlego na época das secas, com a possibilidade de melhor acesso aos viajantes, para quase se isolar na estação das águas. Muitos trechos tornavam-se intransitáveis, e pontes eram levadas pelas enchentes.
A grande produção de café em Lorena vinha desse bairro, com um grande número de tropas transportando a produção. Isso trouxe desenvolvimento urbano para a região. Em 20 de dezembro de 1864, foi conseguida autorização de Dom Sebastião Pinto do Rego, bispo de São Paulo, para que fosse construída a capela do bairro, sob a invocação de São Miguel. A localidade foi elevada a freguesia em 22 de março de 1875, por meio do decreto n. 10, e, em 17 de maio de 1891, foi elevada à categoria de Vila, com a denominação de vila Vieira de Piquete, em homenagem ao cafeicultor Custódio Vieira da Silva, parente do visconde de Guaratinguetá, titular das fazendas do Carmo e Fortaleza, localizadas no mesmo território.
Referências
COELHO, Helvécio Vasconcelos de Castro. Vila de Santo Antonio de Guaratinguetá. In: Revista da Asbrap, n. 8, 2004.
EGAS, Eugênio (Org.). Os Municípios Paulistas. São Paulo: Seleção de Obras D´Estado de São Paulo, 1925.
EVANGELISTA, José Geraldo. Lorena no século XIX. São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, 1978. (Coleção Paulística, 7).