O Instituto de Estudos Valeparaibanos é rico em relação às pessoas que dedicam suas vidas às bandeiras levantadas por nossa instituição e a defesa do nosso Vale do Paraíba. Sem essas pessoas, o Instituto não seria possível. Uma delas é: Benedito Carlos Marcondes Coelho, ou Didi Marcondes, como era conhecido pelos amigos. Durante anos, ele e o também saudoso Prof. Nelson Pesciotta propiciaram grandes momentos e feitos para o IEV.

Didi esteve junto dos amigos do IEV e do Museu Frei Galvão na luta pela beatificação e canonização do primeiro santo brasileiro. Frei Galvão, assim como Didi, também era filho do munícipio de Guaratinguetá, “cidade-mãe” de muita gente ilustre, como o Presidente Rodrigues Alves – nome que Didi tanto admirou, pesquisou e preservou na memória da cidade. A terra quase quadricentenária de Guará era motivo de orgulho para nosso companheiro e  foi lembrada e comemorada durante toda a sua vida.

Tive o privilégio de acompanhar muitas palestras e contar com a sua participação na produção do livro “Francisco Sodero Toledo – O Guardião do Vale” em que ele faz seu depoimento de aluno, e apresenta a importância do professor Sodero em sua formação. Pude apreciar também seus estudos, tendo a oportunidade de dividir com esse mestre a mesa de trabalho em alguns eventos e claro, aprender. 

Neste aspecto, devo muito ao Instituto de Estudos Valeparaibanos, foi por meio dele que conheci destemidos intelectuais, apaixonados pela história do “quintal” de nossas casas e que sem dúvidas é a mais importante. No IEV aprendi que é na nossa história que encontramos nossa identidade e passamos a respeitar a memória de todos aqueles que nos antecederam. O IEV, por meio de figuras como Didi Marcondes, me ensinou a cuidar da nossa terra com o sentimento de pertencimento. 

Esse sentimento de pertencimento, somado a paixão por nossa terra fez com que Didi Marcondes se dedicasse não apenas ao jornalismo e ao esporte (algo que também trazia no coração), mas todo o seu cuidado com a nossa história.

O companheiro é merecedor de uma biografia. Membro de importantes instituições no país, Didi foi agraciado com muitos títulos e prêmios, como: Cavaleiro-Comendador, Grande Oficial da Ordem do Mérito da Cultura e Cavaleiresca de Santo Amaro, São Paulo, Cavaleiro-Comendador Grã-Cruz da mesma Ordem; Cavaleiro-Comendador Grã-Cruz da mesma Ordem do Mérito Santa Ágata Virgem e Mártir, São Paulo; Colar Medalha “Tancredo Neves”, Ordem de Santo Amaro, São Paulo. Colar Medalha D. Pedro II, Ordem de Santo Amaro, São Paulo. Colar Medalha Imperatriz Dona Tereza Cristina, Ordem de Santo Amaro, São Paulo. Colar Medalha Imperatriz Dona Tereza Cristina, Ordem de Santo Amaro. Título de “Intelectual do Ano”, em 1983, pelo Rotary Clube de Guaratinguetá; Título de Personalidade do Ano pelo Rotary Clube de Guaratinguetá Norte, em 1984. Diploma de Grande Benemérito do E.C.Hepacaré de Lorena; Prêmio de Jornalismo da Academia de Uruguaiana, Rio Grande do Sul e Prêmio CLIO concedido pela Academia Paulistana da História.

Seus livros, como o premiado “História de Imprensa de Guaratinguetá”, de co-autoria com Francisco Fortes e “O Processo Político na Comunidade Guaratinguetaense, até 1930” nos dão base para os diferentes momentos de nossa região, principalmente no que se refere a política de Guaratinguetá e a sua influência nos município vizinhos ao longo da história. 

Com o Prof. Marcondes aprendi a questionar certos pontos da história. Como, por exemplo, o caso de uma das principais avenidas da sua terra natal se chamar Getúlio Vargas. Por ordens do governo de Getúlio, Guaratinguetá foi atacada por em consequência da Revolução Constitucionalista de 1932. Nomear uma rua é uma homenagem que damos aos grandes nomes que fizeram a diferença para os habitantes da cidade, é simbólico, e dar as essas avenidas os nomes que foram dados chega a ser uma ofensa. 

No dia 12 de outubro de 2018, Didi nos deixou em um momento único de fé. Ele, extremamente devoto de Nossa Senhora Aparecida, foi também recebido por ela no dia reservado às comemorações da Padroeira do Brasil. Foi no Santuário Nacional, neste dia de grandes comemorações e fé, que ele partiu para a eternidade.

Eu gostaria de ter convivido muito mais com Didi Marcondes. Tenho ótimas lembranças e as melhores referências de sua pessoa. Agradeço a oportunidade de ter estado com ele em alguns momentos e também pela oportunidade de aprender com ele a nossa história. Na condição de Presidente do IEV, a mim só resta guardar a memória deste homem dedicado e não permitir que esqueçam dos seus feitos e de sua obra! Deste companheiro de instituição, fica a gratidão, carinho, cuidado e saudade. 

 

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