E onde fica a inteligência emocional?

 

Diego Amaro de Almeida

Professor | Mestre em História

Lílian de Paula Santos

Jornalista | Mestra em Ciências Ambientais

Até então era normal assistirmos aos filmes de ficção científica e pensarmos em como seria o mundo no século XXI?

O que não imaginávamos é que acabaríamos indo além do que a indústria cinematográfica previu em muitos aspectos. Não há uma linha que limite os passos da imaginação humana. Ela também não reconhece o “não” ou o “basta” como respostas. É como impor uma ordem e dar o passaporte para um caminho inverso do recomendado. No mesmo instante, a mente humana passa a contemplar as diferentes ideias existentes e, quem sabe, até elaborar novas ideias.

A saga em busca da Inteligência Artificial (IA) trouxe-nos possibilidades incríveis. Certos de que, mais cedo ou mais tarde, precisaríamos aprender a trabalhar com ela. Uma pesquisa da Avaya, de 2019, revelou que 55% de 2.800 líderes de empresas oriundas de 17 países utilizam a IA em suas operações de atendimento ao cliente. No Brasil, 99% dos ouvidos aprovam a prática. Mas entre o querer e o fazer existe um abismo.

Segundo o presidente da IBM Tecnologia, Tonny Martins, em empresas do Brasil a IA não chega a 10% nas operações gerais da companhia, o que se mostra um grande desafio para o setor de Tecnologia da Informação. Para se somar a isso, segundo Martins, o ideal seria uma IA cada vez mais humanizada e individualizada.

Parece cômico dizer a um robô para “ser humano” e/ou buscar fazer a leitura do que de fato o ser humano deseja. Mas é justamente isso que muitas empresas têm buscado em todo o mundo. A pandemia da COVID-19 deu uma mãozinha e estendeu um tapete vermelho para que a IA pudesse avançar ainda mais. Num cenário sem precedentes, vimos o mundo parar por um vírus e temos assistido à vida cessar material, econômica e psicologicamente.

Neste cenário de caos e distanciamento social, que tal ir a um restaurante, ser recepcionado por um robô, direcionado à sua mesa e ainda conversar com ele sobre seu prato do dia? A China ganhou, no fim do mês de abril, o seu primeiro restaurante operado completamente por máquinas. O chamado Foodom fica em Guangzhou e é especializado na cozinha tradicional chinesa. Lá, ser humano é bem-vindo somente no papel de cliente, pois as máquinas fazem tudo. Além do atendimento direto, preparam os pratos, servem e até cuidam das logísticas de delivery e limpeza.

Porém nas empresas a realidade é outra. A ideia é usar a Inteligência Artificial para potencializar a Inteligência Humana. É o que, segundo Tonny, denomina-se de Fisital: físico + digital.

Criatividade, empatia, inovação e colaboração, pode deixar com a gente. Nos últimos tempos, temos culpado a tecnologia por todo estresse que vivemos, mas será realmente ela a culpada? Será que o grande problema não está nas relações que temos conosco? Queremos estar distraídos de problemas para procurarmos nas novas tecnologias digitais a fuga certeira?

A nossa única vantagem é sentir, e neste aspecto precisamos da inteligência emocional como aliada. É hora de aprendermos a sentir e decidir com nossas emoções. Certos de que o conhecimento teórico nunca deixará de ser uma importante ferramenta, com tecnologias que processam e nos ajudam na entrega de dados, temos espaço para nos tornarmos melhores seres humanos ao desenvolvermos habilidades cognitivas e emocionais.

E pelo que temos visto, em todo cenário aparentemente caótico é que se vivem as grandes mudanças. Aprender no enfrentamento da crise é tarefa obrigatória. Uma das lições é repensar o papel da educação, no sentido de garantir a qualidade das escolas, universidades e cursos de toda a natureza, e saber de fato que esse ser humano está sendo testado em todas as suas inteligências (emocional, humana e até no relacionamento com a artificial).

Se, por um lado, empregos deixaram de existir, como pedreiro, padeiros, cozinheiros, marceneiros, secretárias, entre tantos outros, de outro, há a entrada de profissionais que irão desempenhar o papel de curadores das tecnologias que realizarão esse tipo de serviço.

E se o ser humano é tão competente para criar essa IA, ser capaz de operar pessoas e dirigir automóveis, também é capaz de levar conhecimento à humanidade. Será uma questão de prioridade! Assim como queremos aprender o inglês, precisaremos também entender a língua dos computadores: a programação. Isso deverá fazer parte da nossa formação o quanto antes, para que todos tenham possibilidades de acesso ao mundo do trabalho.

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