O preguiçoso trabalha dobrado! Será? Este é um ditado que se encaixa perfeitamente na contemporaneidade. Ele se refere aquela pessoa que realiza o seu trabalho de qualquer jeito, sem o mínimo de zelo ou preocupação com o resultado. Implícito está que se não trabalhar a contento, terá que fazer mais uma vez, o que seria um problema para o dono da preguiça.

Por outro lado, o poeta brasileiro Mario Quintana nos diz – A preguiça é a mãe do progresso! Se não fosse a preguiça o homem não teria inventado a roda! Aqui ele nos afirma o contrário da expressão popular, diz que a preguiça é algo que pode provocar um movimento de criação.

Se pensarmos com o poeta, podemos entender que a preguiça provoca ideias. Estas ideias surgem para facilitar o cotidiano, podem mover o mundo das invenções, ao ponto em que no momento em que alguém sente-se tão cansado de algo e pensa em uma maneira de facilitar a própria vida,  e ainda, se realiza um trabalho enfadonho e cansativo, pode ser o estímulo necessário para criar uma nova forma de realizar certas atividades uma única vez. Esta é uma forma de se ganhar mais tempo, para usar como entender melhor descansando se for o caso, ou criando novos meios de ser mais preguiçoso.

Porém se isso não for feito de forma correta, adequada, bem elaborado…será necessário fazer outra vez, indo ao encontro da expressão popular – O preguiçoso trabalha dobrado! Agora nos deparamos com um dilema: como ser preguiçoso e CRIAR e ser preguiçoso e DEDICADO.

No caso de Mário Quintana, podemos pensar sem dúvida os nossos dias.  Atrás de conseguir mais tempo livre para a nossa vida agitada, inventamos constantemente maneiras de conseguir tempo. Mais tempo para trabalhar mais, às vezes só para gastar com outras coisas que nos fazem economizar tempo. Logo, quanto mais tempo perdemos, mais dinheiro perdemos, o que nos leva a uma expressão popular norte americana – times is Money (tempo é dinheiro). Nisso, nos tornamos escravos de um mundo que nós criamos para trabalhar menos,  trabalhamos mais para ganhar tempo, e gastamos tempo tentando ganhar mais. Um ciclo sem fim que só alimenta o capitalismo, um sistema mutante que nos leva sempre à ideia de que devemos possuir algo para sermos felizes. Porém, uma felicidade inalcançável já que suas novidades são tão velozes que sempre estão à nossa frente, tornando-se impossível adquirir os novos produtos que são criados todos os dias e o pensamento de não poder adquirí-los nos dá a sensação de que nunca poderemos ser totalmente felizes.

Costumo provocar meus alunos ao dizer que colocaria um dez no diário, se me trouxessem a resposta para uma atividade simples – Apresente um invento feito pela humanidade que não teve a intenção de facilitar a vida da humanidade! Faço essa provocação há pelo menos 5 anos e até hoje não obtive uma resposta.

Sendo assim entendo que, minha preguiça pode ser um passo para uma invenção importante, porém se eu não me dedicar a essa ideia, fruto da preguiça, ela não vai acontecer. Ou então, terei que repetir várias vezes o mesmo processo para conseguir chegar ao que eu desejava.

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