Antes de entrar no tema sobre o qual desejo refletir aqui, preciso fazer um pequeno passeio pela história para que me compreendam, e peço que leiam até o fim. Prometo não me alongar, mas, antes de expor minhas ideias, preciso levantar alguns fatos.

Acredito que a quarentena e o isolamento social são o que está mantendo o Brasil ainda com certo controle, apesar de acreditar que precisamos aumentar um pouco mais esses cuidados, pois, quanto menos pessoas nas ruas, menor as chances de propagação do vírus.

Para quem pensa que o Brasil já não passou por uma grande epidemia, se engana! Tivemos sim! Foi a Gripe Espanhola, a qual fez grande estrago no país e que levou consigo, inclusive, o Presidente Rodrigues Alves, que acabara de ser eleito para um segundo mandato. Um caso cômico, se não fosse trágico, já que foi em seu primeiro mandato presidencial que a antiga capital do país, o Rio de Janeiro, vivenciou a Revolta da Vacina, que, apesar de ter sido um momento de grandes conflitos, também trouxe melhorias sanitárias para o país.

Bastam “dois cliques no Google”, como afirma um grande professor e também meu amigo, para nos depararmos com uma série de notícias e documentos que nos permite conhecer um pouco os fatos que apavoraram a população e lhe trouxeram dúvidas, críticas ao governo e teorias da conspiração. Sendo que teorias são o que as pessoas mais gostam, felizmente era um período em que não tínhamos redes sociais, então as coisas caminhavam de outro jeito. Dentre os cliques que realizei, deparei-me com este cartaz:

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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/1918.

E quando observo as informações contidas nele, percebo que se trata de algo publicado em 1918, porém parece tão recente, já que as instruções a serem seguidas naquela época são as mesmas nos impostas agora em 2020.

Logo nos primeiros itens: EVITAR aglomerações, principalmente à noite. NÃO fazer visitas. TOMAR cuidados higiênicos, percebemos que são necessidades similares; afinal, estamos falando de um vírus que ainda não conhecemos fórmula que o cure, então o ideal é manter o máximo de distância da possibilidade de se contrair tal doença. Mas nessas orientações o que me chama mais a atenção é: EVITAR toda fadiga, todo esforço físico. Digo porque, recorrendo ao bom e velho dicionário, FADIGA, entre outras coisas, quer dizer cansaço, estafa, situações que não fazem parte somente do trabalho físico, mas também do mental.

A novidade do nosso século é que neste período estamos realizando nossas atividades em um modelo de home office, coisas do século XXI, mas que eu, particularmente, já começo a chamar de “SERVIDÃO VIRTUAL”. Não estou dizendo que não devemos e não podemos trabalhar virtualmente, pois aqueles que me conhecem sabem o quanto respeito os avanços digitais, mas sempre digo que eles precisam provocar melhorias em nossa vida, e por todos esses avanços é que estamos conseguindo manter muitas coisas acontecendo durante este período de isolamento social. Mas é necessário prevenir, para que aqueles que não forem prejudicados pela COVID-19 também não sejam prejudicados pelo estresse, causando, assim, uma série de trabalhos e reuniões que passaram a ser realizadas no modelo virtual, além, é claro, da enxurrada de problemas que surgem quando o “SISTEMA” não funciona.

Nossas ROTINAS precisam ser mantidas, mas ROTINAS, e não um número absurdo de trabalhos, como se a vida de cada cidadão fosse agora pertencente a um sistema virtual. Nós pensamos em muitas soluções, mas não estamos levando em conta o número de trabalho e estresse que isso está causando na vida de todos. Devo insistir na questão da FLEXIBILIZAÇÃO, ou seja, saber que existem momentos nos quais o que foi programado para acontecer virtualmente pode não ocorrer, e que isso pode desencadear uma série de fatores que nós não temos como controlar. Devemos ser flexíveis com o mundo e conosco.

Para quem não se lembra: o estresse nos adoece, nos traz grandes danos ao corpo e, principalmente, à mente. Precisamos continuar reservando um tempo para nós e colocarmos horários em nossas atividades. Não podemos ser servos (escravos) das máquinas ou do trabalho e precisamos do apoio das empresas em que atuamos para mantermos a sanidade. Sei que muitas não estão funcionando, mas deve se fazer um equilíbrio.

Não preciso dizer que o mundo da saúde já era insano e se agrava junto com a crise. Quem sabe não é a hora de gerar novos empregos nas áreas que estão tendo sua carga de trabalho aumentada durante a COVID-19, pois está claro que aqueles que tiveram suas vidas migradas para o mundo virtual também tiveram elevado aumento de trabalho! Todos falam em desemprego, e isso é real, mas por que não entendemos isso como uma oportunidade de gerar novas vagas de emprego?

Dentro da minha ignorância, acredito que é hora de começarmos a trazer mais braços para dentro dos setores que estão produzindo conteúdo virtual e criar espaços seguros de produção de material que são necessários para este momento. Esse pode ser um caminho que não irá afetar o isolamento e garantir o volume de empregos que podem ajudar a população brasileira.

Se eu continuar, vou tomar uma bronca, pois prometi que não iria me alongar, mas tenho mais ideias com relação a isso e acredito que podemos unir forças para pensar e traçar novos rumos que irão proporcionar caminhos para todos que precisam. Não resolveremos em 100% a situação, e talvez nunca o faremos, mas nós somos capazes de criar soluções.

Tentei ser objetivo e direto nas minhas considerações e ideias! Acredito que podemos tirar muito aprendizado e crescimento com tudo o que está acontecendo e nos prepararmos para o novo mundo que nasce após a COVID-19, pois esse com certeza será mais digital.

Vamos nos preparar, mas guardemos também tempo para assistirmos a filmes e brincarmos. Um problema por vez e venceremos tudo o que está acontecendo.

#FiqueEmCasa

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