O Brasil é rico de grandes figuras que atuaram nos mais diversos campos das ideias e das ações. Lorena é mãe de muitos desses filhos e um deles é o patrono da casa de leis do município, o senador da república Dr. Arnolfo Rodrigues de Azevedo.

Seria impossível em um único texto dar conta da biografia de proeminente figura, são tantos feitos, tantas decisões importantes e tantos elogios, que cabe a mim me ater aos fatos mais curiosos da vida do nosso homenageado.

Para falar da história de homens como Dr. Arnolfo Rodrigues de Azevedo, precisamos apresentar um pouco da história do município o qual fizeram parte. Lorena é rica em titulares do Império brasileiro, pessoas que em sua maioria notadamente receberam essa honraria por préstimos realizados à coroa e ao Brasil.

Por este motivo, traz em seu hino a seguinte afirmação “oh terra das palmeiras imperiais, velho berço de condes e barões…”

Arnolfo Azevedo é neto da Viscondessa de Castro Lima, filho dos Barões de Santa Eulália e sobrinho dos seguintes titulares Conde e Condessa de Moreira Lima e do Barão de Castro Lima. Filho da aristocracia, deve ser lembrado muito mais pelos seus feitos do que pelo seu sangue, apesar de não negarmos a importância.

Um homem sem vaidades, que mesmo depois de ser deposto pela ditadura de Getúlio Vargas, ainda assim, segundo aqueles que conviviam com o ex-senador diziam que, ele observava com isenção e apreciava os fatos e os homens do novo regime, sem nenhuma palavra de rancor, nenhum sentimento de despeito, nenhuma crítica destruidora ou má. Podemos dizer, a conduta de um homem que estava mais preocupado com a união e desenvolvimento do seu país, do que com qualquer crença pessoal ou paixão desenfreada.

Nas palavras de um contemporâneo político Hugo Carneiro:

Quando fui visitá-lo (Arnolfo de Azevedo) no seu exílio voluntário pela primeira vez, surpreendeu-me, para mais ficar admirando-o, a serenidade com que ele analisava os atos chamados de Estado Novo, enaltecendo os bons e tendo palavras de justificação para os menos acertados, pela inexperiência ou pela juventude dos seus atores. Nem uma palavra de recriminação, nem o mínimo gesto de despeito ou de amargor.  (LORENA, CULTURA, NOV/2003)

Em sua vida pública ocupou muitos cargos e chegou a pontos altos do poder, foi senador, estando por vários anos na cadeira de presidente da casa, quase que unanimemente na primeira república. Só deixando esse cargo durante o golpe realizado pelo presidente Getúlio Vargas, em 1930.

Dentre suas propostas uma que nos chamou atenção foi a mudança da capital brasileira do Rio de Janeiro para o plantão de Goiás, datado de 7 dezembro de 1918. Com a intenção de acabar com o descontentamento dos estados que se sentiam distante das decisões do governo, também com a intenção de transferir o governo para um sítio de paz e de silêncio onde apenas se cuidasse da administração do país. (AZEVEDO, 1968)

Um dos mais importantes nomes da edificação do Palácio Tiradentes no Rio de Janeiro, sede da Câmara dos Deputados, no local que antes se encontrava a cadeia que Tiradentes esteve preso no paço da antiga Assembleia Legislativa. Essa ação ocorreu enquanto ainda presidente da casa, teve a ideia de edificar essa sede, pois acreditava que o Brasil que nascia com a república tinha que trazer consigo símbolos que unissem o povo a esse novo governo, ainda jovem e frágil. Segundo estudos, durante a decoração do palácio encomendou um painel do artista Eliseu d´Angelo Visconti, importante pintor da época, com um tema que deveria retratar a importância de fatos a história do Brasil, no entanto não permitiu que fossem fatos como a abolição e a independência, pois marcavam o Império e não República. O artista então produziu um painel que retratava a Assinatura da Constituição de 1891. Ainda hoje, podemos observar a cena no prédio que hoje é ocupado pela Câmara de Deputados Estaduais do Rio de Janeiro.

Era visto como um homem silencioso e estudioso de pouco discurso e muito trabalho, fato que talvez justifique a sua permanência na presidência do senado federal por mandatos consecutivos. Não tinha receio em tratar de assuntos impopulares, e com extrema honestidade, apresentou por exemplo todas as despesas da construção do palácio, com riqueza de detalhes. Segundo parecer da câmera, até com excesso de pormenores.

Além de ser uma pessoa dedicada à vida pública e preocupada com Brasil, era poeta e compositor, um erudito, sem dúvidas.

Ingressou em sua carreira política em 1891, quando passou a fazer parte do Partido Republicano Paulista, foi eleito vereador em Lorena, em seguida intendente municipal, foi deputado estadual e federal, também ocupou o cargo de senador.

Segundo seu biógrafo – não era subserviente, nem escravo da oligarquia. Não transformava seu diploma de deputado em escritura de venda dos grandes sentimentos que caracterizavam o verdadeiro homem público.  (AZEVEDO, 1968)

Filho querido do município de Lorena, nunca esqueceu sua terra natal, sempre lembrada por eles, em evento e discursos. Participou da vida do município, mesmo nos anos em que viveu no Rio de Janeiro. Sendo deposto, voltou para Lorena, onde viveu até 14 de janeiro de 1942, quando faleceu, deixando uma história de feitos memorais.

Lorena, não é um local de passagem, assim como todo o Vale do Paraíba é palco dos acontecimentos da história desse país!

REFERÊNCIAS

AZEVEDO, Aroldo. Arnolfo Azevedo: Parlamenta da primeira república – 1968 – 1942. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1968.

QUEIROZ. Carlota Pereira de. Vida e Morte de um Capitão-Mor. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1969.

 

Compartilhe