Hoje eu escrevo para me lembrar de algumas pessoas que fizeram a diferença por sua atuação. É um texto pessoal que escrevo para tentar deixar uma mensagem a todos aqueles que um dia tiverem um tempinho para ler. Não tenho pretensões com ele a não ser provocar no leitor o mesmo sentimento que tenho agora.

Em 2017, completo 10 anos de um importante passo, o meu ingresso no Curso de Licenciatura em História do UNISAL. E nessa uma década vivenciei muitas situações inesquecíveis, muitos momentos interessantes e que deram significado para minha vida. Mas o principal deles foi perceber que o que faz a mudança é a ação e não o discurso. Tive a oportunidade de conhecer pessoas e histórias de vida que me provaram isso dia a dia.

Certa vez escutei o aclamado professor José Luiz Pasin dizer a seguinte frase, no lançamento do livro A Casa Paulista de Thereza e Tom Maia, amigos e companheiros na batalha pela defesa do Vale do Paraíba: – Somos loucos, apaixonados. Naquele dia já conhecia um pouco a trajetória destes professores, e sabia o quanto tinham lutado pela nossa Região do Vale.

O Prof. Pasin por exemplo, durante sua vida, idealizou e participou de uma série de lutas a favor do patrimônio ambiental, histórico, arquitetônico, social e cultural. Promoveu a recuperação de nascentes e mata nativa em sua propriedade, ainda na década de 1970, sendo a segunda reserva ambiental particular no Brasil. Além de ter contribuído, junto destes que ele mesmo chamava de loucos, numa batalha sem fim, em torno de causas que eram colocadas de lado pela sociedade, pois, a princípio, as pessoas entendiam como algo que atrasaria o desenvolvimento.

Para quem o conheceu, a capacidade intelectual e a generosidade deste professor eram inegáveis. Produziu diversas obras sobre o Vale do Paraíba, porém foi sua ação direta que estimulou as mudanças culturais essenciais  em décadas passadas. Esta atuação pioneira facilitou nosso desempenho nos dias de hoje em prol das “bandeiras” defendidas por ele. Os companheiros contemporâneos dele que comungavam das mesmas ideias acabavam por seguir o mesmo caminho deste professor, dizendo que o faziam por exemplo daquilo que era feito por ele.

O professor foi aluno da Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, e não tenho dúvidas que a forma salesiana de ser e ensinar forjou nele muito deste espírito do fazer. O fundador da Congregação Salesiana, Dom Bosco é outro grande exemplo de ação. Acreditava na recuperação religiosa, cultural e social dos jovens e investiu sua vida nisso, fazendo. Mostrando ao mundo que o caminho que ele seguia era o caminho possível de promover e recuperar os jovens, dando a eles um objetivo de vida, e assim como ele dizia: formar o Bom cristão e o honesto cidadão. A vida dele era tanta ação, que dos seus legados escritos, o livro Memórias do Oratório de São Francisco de Sales. Que surgiu depois de uma solicitação do Papa Pio IX que disse a Dom Bosco – […] deixe de lado qualquer ocupação e escreva. Desta vez não é apenas um conselho, mas uma ordem. Não pode compreender por inteiro o bem que disso derivará para seus filhos.

É claro que seria uma pena se Dom Bosco não tivesse registrado suas memórias para assim conhecermos os caminhos que levaram esta obra direcionada aos jovens acontecer.

Mas só depois de muita ação, problemas, erros e acertos é que isso foi feito, não para dizer como se fazia ou como um manual de como deveria ser feito, mas no sentido de promover em outras pessoas o valor  daquilo que foi realizado.

Mas continuado dentro daquilo que fez parte da minha experiência, não poderia deixar de falar da admiração que tenho por um professor que conheci enquanto cursava o mestrado. Quando me decidi por fazer o mestrado, apesar de saber  o que eu queria (que ponto para uma outra história) tinha alguns medos, o maior deles era como agir diante dos professores do mestrado. Não sabia como lidar com aqueles doutores, donos de um saber gigantesco. Uma coisa era certa, teria que estudar muito, e assim foi. Porém neste caminho tive a graça de conhecer o Prof. Dr. Antonio Rago, um mestre fora do comum, uma pessoa que não me ensinou só os conteúdos e as teorias, mas provou por sua ação que quanto mais inteligentes e sábios somos, mais humildes podemos ser, e mais, me  mostrou que prática e discurso podem andar juntos, e isso foi realmente belo, ver que este professor faz do seu magnífico discurso sua prática, e isso trouxe para minha vida uma outra forma de enxergar como eu gostaria que fosse a minha ação docente. Sei que ainda tenho uma longa jornada para conseguir me aproximar deste professor, mas tenho isso como grande referência na minha vida.

Escrevi essas linhas para dizer – Mudança cultural não se faz com discurso, se faz com ação! Esses são alguns dos meus exemplos, mas poderia citar vários outros, tive a possibilidade de conviver com pessoas que fazem disso uma prática, muitas vezes anonimamente, mas que são parte da mudança que queremos e precisamos, fazer o que é certo não é fácil, mas é o caminho que precisamos para mudar o mundo e para ele ainda tomar jeito.

 

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